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A Diabetes!

  • Foto do escritor: Bruno Silva
    Bruno Silva
  • 31 de jul. de 2017
  • 6 min de leitura

O que é a Diabetes?

As células do nosso organismo necessitam de glicose (fonte de energia) para funcionarem. A insulina (hormona produzida pelo pâncreas) é essencial para que isso aconteça, pois ao ligar-se às células abre uma espécie de porta através da qual entra a glicose.


Num organismo saudável, quando comemos, os alimentos (especialmente os que contêm hidratos de carbono) são digeridos e decompostos em açúcares simples (glicose). Este processo induz o pâncreas a libertar insulina em quantidades suficientes face à quantidade de glicose em circulação para que seja utilizada pelas células como fonte de energia.

Numa pessoa com Diabetes não há uma produção suficiente de insulina e/ou o organismo se torna resistente a esta hormona fazendo com que as células não recebam a glicose que necessitam. Os níveis de glicemia aumentam dando origem a uma hiperglicemia que, se não for controlada, causará complicações ao longo do tempo.

Imagem de: http://controlaradiabetes.pt/entender-a-diabetes/o-que-acontece-na-diabetes-tipo-2

Quais são as causas da Diabetes?


Existem diferentes tipos de diabetes, sendo os mais conhecidos e comuns a Diabetes tipo 1, a Diabetes tipo 2 e a Diabetes Gestacional

  • Diabetes Tipo 1

  • Também conhecida por Diabetes Insulino-Dependente, é geralmente causada por uma reacção auto-imune, onde o próprio sistema imunitário do organismo ataca e destrói as células produtoras de insulina no pâncreas (células Beta). Não se conhece a razão de isto acontecer.

  • Surge geralmente durante a infância ou adolescência, mas pode acontecer em qualquer idade.

  • Como o pâncreas deixa de produzir insulina, são necessárias injecções diárias desta hormona para controlar os níveis de glicemia. Sem estas injecções um Diabético Tipo 1 não conseguiria sobreviver.

  • É um tipo de Diabetes mais raro, contribuindo com menos de 10% de todos os casos da Diabetes.

  • A Diabetes tipo 1 é muito facilmente detectada pois, quando surge e devido à ausência total de insulina, os sintomas são muito prenunciados.


  • Diabetes Tipo 2

  • É o tipo de diabetes mais comum, contribuindo com 90% de todos os casos da Diabetes.

  • É caracterizada por uma resistência do organismo à insulina e um pequeno défice desta hormona, ou seja, é necessário mais insulina para a mesma quantidade de glicose em circulação. Numa fase inicial da doença, o organismo consegue compensar aumentando a produção de insulina, mas com o passar do tempo isso deixa de acontecer e os níveis de glicemia aumentam.

  • Pode acontecer em qualquer idade, embora seja mais comum após os 35 anos.

  • Está fortemente associada a factores como obesidade, sedentarismo e predisposição genética.

  • Ao contrário da Diabetes Tipo 1, é possível controlar a glicemia na Diabetes tipo 2 através de bons hábitos alimentares, praticando exercício físico regular e controlando o peso. No entanto, com o passar do tempo, pode ser necessário recorrer a antidiabéticos orais (comprimidos) e, em último caso, injecções de insulina.

  • Na diabetes tipo 2, como o pâncreas produz alguma insulina (embora insuficiente para manter os níveis de glicemia normais) pode permanecer não detectada durante muitos anos. Geralmente só é descoberta durante um rastreio à glicemia, após análises ao sangue e/ou urina ou após algum problema de saúde que eventualmente surja.


  • Diabetes Gestacional

  • Tipo de Diabetes que surge durante a gravidez e que, geralmente, desaparece quando esta termina.

  • Grávidas que desenvolveram este tipo de diabetes, têm uma probabilidade muito elevada de serem, mais tarde, diabéticas do tipo 2 caso não tomem medidas preventivas.

  • Ocorre em cerca de 1 em 20 grávidas. Se não for detectada através de análises e a hiperglicemia corrigida com alterações alimentares e, por vezes, com insulina, a gravidez pode complicar-se para a mãe e para a criança (exemplo bebés muito pesados ou abortos espontâneos).


  • Outros.

  • Existem outros tipos de Diabetes que não se enquadram em nenhuma das categorias anteriores, e que são pouco frequentes. São causados por alterações conhecidas como defeitos nas células beta, alterações na acção da insulina, doenças do pâncreas, endocrinopatias diversas, entre outros:

  • Diabetes Tipo LADA (Latent Autoimmune Diabetes in Adults): costuma ser confundido com a diabetes do tipo 2. A maior incidência concentra-se em pacientes entre 35 e 60 anos. A manutenção do controle de glicemia é o principal objetivo do tratamento do portador de diabetes tipo LADA. Um aspecto que deve ser levado em conta, refere-se à progressão para a necessidade de terapia com insulina.

  • Diabetes Relacionados à Anormalidade da Insulina (Insulinopatias).

  • Diabetes Associado a Poliendocrinopatias Auto-Imunes.

  • Resistência Congênita ou Adquirida à Insulina.

  • Diabetes Secundário a Doenças Pancreáticas (Exemplos: pancreatite crónica, Destruição pancreática por depósito de ferro denominado hemocromatose).

  • Diabetes Secundário ao Aumento de Função das Glândulas Endócrinas (Ex: doença de Cushing, acromegalia ou gigantismo, feocromocitoma, glucagenoma).

  • Diabetes tipo MODY (Maturity-Onset Diabetes of the Young) que afecta adultos jovens mas também adolescentes e crianças. Apresentam-se com características de diabetes tipo 2 e são causadas por uma mutação genética que leva a uma alteração da tolerância à glucose.

Quais são os sintomas da Diabetes?


Os sintomas estão relacionados com os níveis de glicemia. Podemos ter sintomas associados ao aumento da glicemia (Hiperglicemia) ou à diminuição da glicemia (Hipoglicemia).


  • Hipoglicemia:

  • Esta condição ocorre geralmente em diabéticos que utilizam antidiabéticos orais (comprimentos) ou insulina para controlar a doença. Pode acontecer quando o diabético toma de forma excessiva/incorrecta a medicação, faz jejuns prolongados e/ou exercício físico inadequado. Considera-se uma hipoglicemia quando a glicemia é inferior a 70mg/dl. Verifique os sintomas na imagem seguinte.


  • Hiperglicemia:

  • Esta condição ocorre nas pessoas com a diabetes mal controlada, após consumo de quantidade excessiva de hidratos de carbono, situação de stress, presença de doença aguda ou utilização inadequada de antidiabéticos orais/insulina. As pessoas sem diabetes devem ter uma glicemia entre 80 e 110 mg/dl antes das refeições e entre 110 e 140 mg/dl depois das refeições. Uma pessoa diabética deve tentar aproximar-se destes valores. Verifique os sintomas na imagem seguinte.

  • Hiperglicemia na criança e no jovem:

  • Quase sempre na criança e nos jovens a diabetes é do tipo 1, aparece de maneira súbita e os sintomas são muito nítidos:

  • ​Urinar muito (por vezes, pode voltar a urinar na cama).

  • Ter muita sede.

  • Emagrecer rapidamente.

  • Grande fadiga com dores musculares.

  • Dores de cabeça, náuseas e vómitos.

  • Quaisquer dos outros sintomas já atrás referidos podem também estar presentes. Perante estes sintomas, o diagnóstico de Diabetes deve ser rápido, seguido do início do tratamento com insulina pois, se não o fizer, a pessoa com Diabetes entra em Coma Diabético e corre perigo de vida.

Que complicações podem surgir?


Complicações agudas da diabetes:

Resultam de alterações significativas da glicemia, como as hipoglicemias ou hiperglicemias (ver tópico anterior) e consistem nos seus sintomas associados. Uma utilização adequada da medicação, bons hábitos alimentares e actividade física ajustada são fundamentais para prevenir tais complicações:


Complicações crónicas diabetes:

Com o passar do tempo, as pessoas com diabetes podem desenvolver complicações em diversos órgãos, pois se não controlarem a doença, situações recorrentes de hiperglicemias vão infligindo danos nos vasos sanguíneos do organismo. Estima-se que cerca de 40% das pessoas com esta doença vêm a ter complicações tardias graves da sua doença. Estas complicações evoluem de forma silenciosa (sem sintomas) e muitas vezes já estão há algum tempo instaladas quando são descobertas. As complicações tardias são causadas principalmente por danos nos vasos sanguíneos que alimentam os nossos órgãos (transportam sangue, oxigénio e nutrientes) e por isso podemos dividi-las em:

  • Complicações microvasculares (que atingem os vasos sanguíneos de menor calibre ou mais pequenos):

  • ​Neuropatia - Lesões nos nervos do organismo.

  • Nefropatia - Danos ao nível dos rins.

  • Retinopatia - Patologias que afectam os olhos.

  • Disfunção sexual - Impotência sexual, infecções genitais.

  • Complicações macrovasculares (que danificam os vasos sanguíneos de maior calibre ou maiores):

  • Angina de peito.

  • Ataque cardíaco.

  • Trombose cerebral (AVC).

  • Doença vascular periférica - Pé Diabético.

Qual é o panorama nacional e mundial desta doença?

A nível mundial, estima-se que a prevalência da Diabetes seja de 8,5% (adultos com mais de 18 anos), ou seja, cerca de 422 milhões de pessoas sofrem desta doença, sendo a Diabetes Tipo 2 a que mais contribui para esses números. Estima-se que, no ano de 2035, existiram 592 milhões de Diabéticos.

Em 2014, a Diabetes provocou 4,9 milhões de mortes. A cada 7 segundos morre uma pessoa devido a esta doença.

Em Portugal, estima-se que a prevalência da Diabetes seja de 13,1% (adultos com idades compreendidas entre os 20 e 79 anos), ou seja, 1 milhão de Portugueses sofrem desta doença.

Notas

Nas próximas edições sobre "Alimentação & Doença" falaremos mais em pormenor sobre as complicações tardias da Diabetes e depois sobre prevenção, tratamento/controlo da Diabetes com maior incidência na alimentação.

Referências:


Diabetes Tipo 2. Um Guia de Apoio e Orientação. Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal. 2009.


Diabetes Tipo 1 em crianças, adolescentes e jovens adultos. Dr. Ragnar Hanas. 3º Edição. 2007.


Diabetes Types. Diabetes.co.uk, the global diabetes community: http://www.diabetes.co.uk/diabetes_lada.html


About Diabetes. International Diabetes Federation: https://www.idf.org/about-diabetes/what-is-diabetes.html


The perfect diabetes review. Paul Grant. Primary Care Diabetes 4. 2010. PP (69-72).


Diabetes, Factos e Números - Ano de 2014. Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes. Sociedade Portuguesa de Diabetologia. 2015.


Global Report on Diabetes. World Health Organization. 2016.

 
 
 

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